Geriatria - Clínica Geral
Especialidade médica que atende ampla e detalhadamente os múltiplos aspectos relacionados ao envelhecimento humano. É uma ciência em constante evolução, com protocolos cada vez mais embasados cientificamente para o acompanhamento da população.
A Geriatria
O médico especialista em Geriatria habitualmente inicia sua formação profissional com o treinamento em Medicina Interna (também chamada de Clínica Médica), que lhe proporciona experiência na abordagem da maior parte das situações cotidianas em medicina clínica de adultos. Subsequentemente, o treinamento em Geriatria lhe capacita a assistir aos indivíduos em processo de envelhecimento, acolhendo o paciente e seus familiares, promovendo a saúde e a reabilitação, diagnosticando e controlando doenças crônicas e, quando necessário, coordenando os cuidados paliativos.
O médico geriatra utiliza uma abordagem ampla para a avaliação clínica, incluindo aspectos psicossociais, escalas e testes padronizados, que direcionam as ações em saúde, potencializando a funcionalidade e preservando a qualidade de vida.
Síndromes Geriátricas
Os idosos costumam apresentar sinais e sintomas relacionados às doenças ou agravos de forma atípica. Isso exige do profissional de saúde uma grande capacidade de observação e a compreensão da necessidade de valorização da queixa da pessoa idosa. Como a reserva funcional do idoso é progressivamente menor, a intervenção precoce torna-se essencial para a melhoria da qualidade assistencial.
Síndromes geriátricas são condições de saúde que afetam a capacidade da pessoa idosa de gerir a própria vida, interferindo na sua funcionalidade para realizar tarefas cotidianas. São elas: Imobilidade, Instabilidade Postural, Insuficiência familiar, Incapacidade cognitiva e Incontinência.
Cognição o conjunto de funções cerebrais formadas pela memória (armazenamento das informações), função executiva (capacidade de planejamento, antecipação, sequenciamento e monitoramento de tarefas), linguagem (compreensão e expressão da linguagem escrita e oral), praxia (capacidade de executar um ato motor), gnosia (capacidade de reconhecimento de estímulos visuais, auditivos e táteis) e função visuo-espacial (capacidade de localização no espaço e percepção das relações entre os objetos).
Um idoso diagnosticado com incapacidade cognitiva é aquele que tem prejudicada as suas atividades de vida diárias, devido ao comprometimento de uma ou mais áreas da cognição. As principais causas dessa síndrome são:
- demência — cerca de 50% a 60% dos casos estão relacionados ao Alzheimer
- doenças mentais, como esquizofrenia
- delirium (estado de confusão mental agudo)
- depressão
O tratamento para incapacidade cognitiva vai depender da causa e da extensão do problema. O diagnóstico adequado é essencial, pois cada uma tem abordagem e prognóstico diferentes.
A perda involuntária de urina é uma queixa mais comum entre as mulheres — 12,2% das que têm entre 60 e 64 anos e 20% das que estão acima dos 85 anos, sofrem com o problema. Nelas, a principal causa é a fraqueza muscular do assoalho pélvico, devido à gravidez, parto e cirurgias ginecológicas.
Nos homens, o problema geralmente está relacionado a doenças e cirurgias na próstata. Alguns medicamentos, como hipertensivos diuréticos também podem causar incontinência urinária. Além do desconforto, a incontinência pode afastar o idoso do seu convívio social. Por isso, quanto antes o problema for diagnosticado, melhor será a qualidade de vida do paciente.
O tratamento é feito com medicamentos, fisioterapia para fortalecer a musculatura pélvica e mudanças de hábitos. A cirurgia é indicada quando esses métodos não surtirem efeito.
Dentre as atitudes que podemos mudar para evitar e tratar o problema:
- ingerir a quantidade adequada de água
- evitar beber líquidos antes de dormir
- evitar cafeína e cigarro
- substituir, quando possível, as medicações diuréticas
- fazer exercícios que melhoram a musculatura do assoalho pélvico
A instabilidade postural leva a um dos maiores temores em geriatria: as quedas. Elas são a sexta causa de morte em idosos e respondem por 40% das internações.
Além dos riscos de lesões e fraturas, a instabilidade postural gera insegurança e faz com que a pessoa idosa restrinja ainda mais seus movimentos, comprometendo a marcha da caminhada e favorecendo a atrofia muscular, podendo levar à imobilidade.
A capacidade motora e a estabilidade postural devem ser medidas com frequência. Além disso, é importante adaptar a casa para evitar quedas e facilitar a mobilidade. Isso é possível com medidas muito simples:
- colocar barras de segurança nas paredes do banheiro
- usar tapetes emborrachados no chão do banheiro, para evitar escorregões durante o banho
- retirar carpetes que possam causar tropeços
- deixar os utensílios mais utilizados ao alcance das mãos, evitando subir em escadas e banquetas para alcançá-los
A incapacidade de deslocamento sem o auxílio de terceiros para os cuidados necessários à vida diária podendo o idoso estar restrito ao leito ou a uma cadeira de rodas. Estima-se uma prevalência de 25% a 50% após hospitalização prolongada e 75% entre os idosos institucionalizados. Na comunidade essa prevalência é menor, girando em torno de 25%.
A imobilidade é multifatorial envolvendo uma associação entre doenças prévias, aspectos psicológicos e sociais. Suas principais causas são:
- Problemas osteoarticulares incluindo problemas nos pés (deformidade, calosidade, ulcera plantar)
- Alterações cardiovasculares (AVC, insuficiência cardíaca, doença arterial periférica)
- Doenças respiratórias (DPOC)
- Iatrogenia medicamentosa (neurolépticos, ansiolíticos, hipnóticos)
- Doenças neurológicas e psiquiátricas (demência, depressão, Parkinson)
- Desnutrição
- Quedas repetidas
- Isolamento social
O mais importante para o tratamento da imobilidade é detectarmos o mais precoce possível os sinais de que o paciente esteja evoluindo para esse quadro. Assim, podemos interferir para que a imobilidade não estabeleça. Por exemplo, iniciar precocemente fisioterapia para fortalecimento muscular em pacientes submetidos a cirurgias ortopédicas.
A falta de apoio e acolhimento da família é uma das síndromes geriátricas mais complexas, sendo causa e consequência de várias outras. Quando um idoso não encontra respaldo familiar, fica mais suscetível a problemas de saúde e restrições da idade.
Ainda que convivam com doenças crônicas e outros problemas, é possível manter a independência e a autonomia dos idosos. Por isso, contar com um especialista que compreenda as particularidades das síndromes geriátricas é muito importante nesse processo.
Faça o acompanhamento com o geriatra!
Tratamento
Saúde Preventiva do Idoso